terça-feira, 12 de abril de 2011

Não repetindo os erros de nossos pais

Prestando atenção nos problemas do século XXI percebo que muitas vezes nenhum problema de efeito estufa, aquecimento global, ou transgênicos se compara a um problema presente em quase todas as sociedades do mundo: a falta de amor familiar.
O que se passa na cabeça dos adultos? Alias o que se passa na cabeça de nossos pais?
Somos criados por pessoas que só são capazes de nos amar enquanto somos incapazes de entender suas intransigências sem sentido; ou seja, eles nos amam enquanto não somos capazes de nos questionar sobre suas ordens sem sentido. Quem ai nunca recebeu como resposta pra uma ordem imbecil e muitas vezes sem sentido um "por que eu estou mandando/não me questione/por que sou sua mãe/pai" atire a primeira pedra.
Somos filhos de pais que não nos entendem, não nos aceitam, não nos escutam e desprezam nossos gostos. Filhos de uma geração que acha que para se criar um filho de "caráter" deve-se bater nele cada vez que ele levantar a voz independente de estar certo ou errado. Que um bom filho deve abaixar a cabeça e acatar ordens que podem até mesmo lhe prejudicar.
Mas será que podemos mesmo culpá-los? Eles são filhos de uma geração em que não existiam pais, mas sim reis e vassalos onde as ordens do pai eram lei e os filhos deveriam obedecer ou seriam expulsos e ficariam a margem da sociedade. Onde os pais não escutavam nem mesmo quando se era pequeno e o único objetivo era manter as aparências. Fato.
Mas isso não justifica a intolerância que se abate em nossos progenitores. Por que ao atingirmos a adolescência simplesmente nos tratam como invasores, ou mesmo como resto? Não se importam com o que fazemos a não ser que eles não gostem, ou que lhes custe dinheiro. Não nos perguntam como vai na escola, nem se importam se comemos ou não.
Ao viramos adolescentes começamos a nos questionar o certo e errado e vemos que nossos pais não são perfeitos que tem defeitos e que nem tudo que eles dizem e certo. Isso os assusta, ou mesmo intimida, talvez isso explique a indiferença e a intolerância.
Os pais teoricamente não deveriam ter preferidos, mas pelo contrário eles os tem  fazem questão de demonstrar e ressaltar isso aos não-favoritos, fazendo deles escravos, empregados ou mesmo simplesmente ignorando-os. Digo por que quase todos os meus amigos sofrem isso. O que faz com que nos fechemos e nos sintamos fora da núcleo familiar.
Adotamos como irmãos amigos e amigas. Somos capazes de contar nossos maiores temores, desejos e segredos aos nossos "irmãos adotivos", mas não somos nem capazes de perguntar aos nossos pais o que eles acham de assuntos como amor ou vida. Por mais que tenhamos vontade o medo da mente fechada e cheia de conceitos errôneos nos intimida. Muitos ainda criam coragem pra perguntar, e perguntam só pra levar um belo esporro.
E comprovado que 90% de nossas personalidades se dão pelo convívio com nossos amigos e não com nossos familiares, muito menos pela criação cavalar que recebemos deles.
Vejo grandes autores que em geral são paparicados pelos adultos como Augusto Cury que escreve livros com títulos como "pais brilhantes, professores fascinantes"; minha impressão e que ele foi criado em outro planeta não nesse, já que o comum mesmo é temos pais com descrições beeeeeem diferentes. Queria o ver escrever um livro sobre "pais intolerantes, filhos incompreendidos". Ou "pais intransigentes, filhos infelizes". Isso seria realmente um alerta aos adultos do tipo: PAIS VOCÊS ESTÃO DESTRUINDO O CORAÇÃO DE SEUS FILHOS ENDO INDIFERENTES A ELES, DEIXANDO DE LHES DAR CARINHO E ATENÇÃO! LHES TRATANDO COMO PESSOAS QUE MORAM COM VOCÊS E NÃO COMO SEUS FILHOS! Olha um livro assim eu leria.
Jamais me esquecerei do dia em que li uma propaganda da GNT para revistas cujo tema era "Ela não sabe". A foto mostrava uma mãe e seu bebê e abaixo vinha uma série de frases do tipo "ela não sabe que o voto do povo condenou Jesus e salvou Barábas um ladrão, da morte." Eram frases sobre coisas que sabemos desde pequenos, mas que daquela forma nos chocava, como a realidade é absurda. Uma delas me marcou, por que simplesmente dizia: “que você vai fazer de tudo pra não repetir os erros dos seus pais." Até hoje quando penso em ter filhos me lembro dessa frase.
Pelo visto é só o que nos resta. Tentar não repetir os erros deles na hora de criar nossos filhos e evitando invejar ou mesmo sufocar a liberdade deles; não julgando seu mundo ou sua geração, tentando entender que o mundo muda o comportamento humano também e os valores mudam. Sem condenar, sem deixar de aprender, ou escutar. Um paiou uma mãe sábios sabem que só se aprende sendo sempre um aluno, e sendo humilde. Tentemos não tratar nossos filhos como criaturas inferiores a nós, mas como frutos de nosso amor. Demos vida através do amor então por que não dar amor ao longo da vida? Não nos esqueçamos de sorrir pra eles ou lhes dar um abraço e um beijo quando eles menos esperaram por que o amor e feito de pequenos gestos simples. De brincar com eles de casinha ou de boneca, ou observar seus talentos e apoiá-los. De mostrar que se pode confiar um segredo, que se pode contar do primeiro beijo ou do primeiro amor sem ser julgado ou ouvir gritos que nos fazem pensar que essas experiências tão simples normais e singelas da vida humana mais pareçam pecados ou crimes qualificados com pena de cadeira elétrica. Ensinando que pequenos gestos de amor e afeto devem ser repartidos com todos e não apenas com os consangüíneos. Explicando as maravilhas e os segredos da vida e nos reaventurando junto com eles nas suas descobertas.
Não sei vocês, mas o que eu pretendo fazer e não apenas gerar filhos ou criá-los, vou fazer algo alem disso: instruí-los e mais que isso amá-los ao Maximo para que eles sejam pessoas incríveis, parceiros fantásticos para seus conjugues e também pais maravilhosos. Pode parecer bobagem, mas amor e atenção moldam mais um caráter do que desrespeito indiferença e agressão.
Alias agressão e uma marca na criação de nossos pais. Quem ai jamais apanhou está sem duvida nenhuma mentindo. Bater será a ultima coisa que pretendo fazer, alias jamais pretendo bater. Bater é a expressão desesperada de falta de razão, e de tentar impor algo sem sentido à força. Pretendo ser racional e coerente não uma besta alucinada com um cinto em mãos.
 Isso é o que eu pretendo fazer
Quem sabe não repetindo a intolerância de nossos pais não consigamos criar uma geração onde o amor familiar e os respeitos realmete existam? Ainda teremos nossa chance de não repetir os erros de nossos pais.

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